Uma noite com o iPad
d.C. 2010/4
Carlos Irineu da Costa

[este aqui vai ser escrito em partes, então voltem dentro de uns poucos dias - amanhã é feriado etc etc, devo ter mais tempo, há fotos e links externos - mas este é o início.]

Sou um fã bastante condicional mas ardoroso do iPad desde que o Reverendo Jobs apresentou a versão final ao mundo. Li críticas e artigos. Fiquei meio espantado - muitas eram negativas. E tolas.

Finalmente, no domingo agora [18 abril 2010] eu pude usar um iPad na casa de amigos. Digitei um pouco no teclado da tela, vi trechos de filmes, baixei para ele o iElectribe e ouvi os sons com um fone ultra-preciso (BeyerDynamics DT770), interagi bastante com a interface do iElectribe, vi umas páginas de quadrinhos e li um trecho de livro da iBook iTunes iStore (esses caras são muito “iLoveMyself”, não?).

“Deixa eu colocar isso curto”, como diriam os estadunidenses: é do karalho. Numa avaliação de 0 a 10, eu daria pelo menos 18.

Eu não vejo, hoje, como trabalhar a sério com ciência, tecnologia ou humanas e ter uma biblioteca grande sem ter muitos PDFs. É ainda melhor quando você pode levar suas obras completas de Platão, todos os seus poetas clássicos preferidos, Shakespeare e, se essa é sua inclinação sexual, os livros de Vampiros EMO da Stephanie Meyer também estão lá.

Tive um Sony Reader, tenho um Kindle DX. “Preto e branco” sempre foi um problema. Não ter backlight (como um LCD) sempre foi ruim. O iPad resolve tudo e o software é bom, é belo e é flexível: tamanho das fontes e contraste podem ser alterados.

A Amazon deu um tiro na cabeça quando lançou o Kindle for PC e o Kindle for iPhone. Escrevo sobre o “estado das coisas” outra hora, mas, se você tem Kindle para iPad - como tem, e é melhor que o do iPhone, por que diabos você vai pagar para ter um Kindle DX se o iPad faz muito mais, e faz melhor?

‘Jeff’ jamais deveria ter se metido com hardware, acho que foi uma profunda incompreensão dele sobre um monte de coisas. [Isso continua mais tarde, é uma longa questão, para mim.]

Filmes …. não há o que dizer. Esquece DVD e, sobretudo, como eu já disse antes, BluRay como formato *físico* nasceu MORTO. Não vai rolar, não vai vender, é LIXO. Estamos todos comprando e baixando arquivos HD pela Apple Store ou pelo Netflix ou _whatever_.

A tela do iPad não é apenas “boa”. Ela é, junto com a tela do iMac, o monitor mais impressionante que  eu conheço. E eu conheço literalmente muitas dezes deles.

O que nos leva ao assunto “quadrinhos”, um formato que está sendo reinventado e que está finalmente livre da grande porcaria que sempre foi “imprimir a cores em papel a um preço relativamente barato”. CHEGA DE PAPEL VELHO EM CASA!, vou detonar minha coleção de quadrinhos e serei feliz sabendo que tenho tudo com contraste de LCD, cores de LCD e, sobretudo, sem mofo.

O iPad vale o que custa apenas pelo que pode ser como ‘leitor’. E, novamente, a Amazon está com problemas sérios com sua plataforma do Kindle, subitamente restrita a um mercado de nicho e precisando *muito* ser repensada e mudar de preço.

E ainda tem a parte de música. Não a parte de ouvir música, que funciona como qualquer iPod / iPhone funcionaria e, apesar de boa porque permite ao usuário ter ‘um som’ enquanto lê ou faz outras coisas, bom, música tem que ser portátil e o iPod tem um mercado enorme que continua existindo.

Estou falando de fazer música e controlar aplicativos maiores de música usando o iPad. É genial.

Os aplicativos de música, que custariam tipicamente $200 ~ $300 para um PC / Mac, passaram todos a custar $9.99 ~ $24.99. Além do iElectribe - uma ‘groove box’, como uma bateria eletrônica porém com mais recursos -, há o AC-7, para controlar diversos programas profissionais de gravação de áudio que qualquer músico usa e, para os que gostam de criar música se divertindo e sem muitas pretensões ‘técnicas’, tem a versão maior e melhor do GrooveMaker, da IK Multimedia, que permite criar música eletrônica (dance, trance, club, house - há vários estilos) com base em loops. É genial e é uma das melhores interfaces que conheço para mexer com áudio.

Por si só, isso valeria o preço do iPad para quem mexe com música.

Ainda não falei nos jogos, nos periódicos, no acesso à web, na possibilidade de ler e escrever mails, na praga que é poder usar o Twitter e o OmniFacebook em mais um gizmo …

Não posso abrir mão do meu desktop - bastante grande e cheio de hardware específico de que preciso. Mas espero abrir mão do Kindle e do meu laptop bacana de 12”, que, se tanto, vai virar um netbook.

O iPad mudou as regras de vários jogos. Entender as novas regras, e entender a relação de poder que está sendo forjada (na base de muitas brigas simultâneas) entre as três grandes corporações globais de hoje (Apple, Amazon e Google; a Microsoft se tornou um apêndice gigante, mas irrelevante, como a IBM) é o que importa agora.

CDC

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