Prezadas Pessoas que Publicam a Playboy:
Enlouqueceram de vez? Fernanda Young em dezembro, na capa? Quanto vendeu, mais de 10? (Na verdade, não importa, “vendas” não é a questão.) Alguém comprou a revista, talvez por uma curiosidade esquisita, pensando: “nossa, qual Versão Avançada do Programa de Melhoria Digital de Mulheres usaram para se sair dessa?”.
Não foi pelo corpo. E ninguém fotografa ‘grandes mentes’ – bom, não para a capa da Playboy, suponho. Parece que a seleção de playmates se deslocou da idéia de hedonismo desenfreado na cama com belas mulheres d’O Grande Playboy Planetário Hugh Hefner para se tornar, nesses bizarros anos 2K, uma “estética da celebridade midiática”. (M-McLuhan 2010, @CDC: The Midia is the Midia. What do you mean by ‘message’?)
2K: sem carros voadores, sem teletransporte e, em breve, sem pandas e sem água. Além de tudo isso, ainda tenho que “experienciar” a F-Young na capa da Playboy? Whack!!
Só posso entender essa “singularidade” por conta de alguma idéia louca do tipo é famosa, logo existe. A Lógica da Playboy dita que, se existe e é do sexo feminino, então é material para a capa. E, se é “celebridade” (fazer um programa como o Saia Justa torna a pessoa uma insanidade, só isso!), então deve posar para a Playboy: como qualquer playboyzinho sabe, celebridades existem para serem consumidas.
(Woody Allen colocou uma observação cruel em seu filme “Celebridades”. Ele escreveu algo como: “aprendemos muito sobre uma sociedade observando as celebridades que ela escolhe”. Não é a citação exata, mas é perto.)
Deixaram de fora uma dezena de não-celebridades profundamente atraentes. Mulheres que teriam deixado Hugh Hefner feliz, se as conhecesse. Em geral elas aparecem como Cyber Girls, algumas vezes têm direito a um ensaio, outras não. Algumas são muito turbo-siliconadas (não é mais “só” silicone, é lipoescultura, tortura consentida sob forma de ginástica ultrapontual, botox e ____), outras parecem ser realmente bonitas, apesar de eu achar que “pessoas” – mesmo Playmates - costumam ter uma barriga, e não esse “bíceps abdominal” que está na moda, além de pernas que fariam de Barbie um G.I.Joe.
Seria interessante escrever um ensaio pensando em como a “estética Barbie” - que minha esposa chamaria do estágio mais elevado da “lambisgóia loira” – se transformou nesse corpo musculoso que serve para __?__ Para que serve, mesmo?
É apenas mais um passo numa longa decadência da revista que, para mim, fala não só do fim de uma era mas de como é impossível viver de despir pessoas famosas numa sociedade onde “fama” dura o tempo de um reality show. E isso mal cobre o tempo de publicar algo.
A memória, hoje, dura muito pouco.
So long Playboy, farewell and thanks for all the pics.
[Isso continua mais tarde, estou longe de ter acabado.]