Jardins : Loteria : Biblioteca : Babel + Babilônia = A Forma
d.C. 2011/3
Carlos Irineu da Costa in Borges, Ensaio, Escritos, aqui dentro, escritos
você sabe que, no fundo, o site todo é um livro.
você pensou nisso às 4h da manhã, acordando, incomodado, por coisas que nem pôde reparar.
você ignora os erros de português ou de digitação porque agora digita tão rápido que as idéias são só um borrão. musical, como notas de um saxofone tocado muito rápido. como uma passagem de Brahms.
continua firme enquanto o espaço mental de criação se desdobra infinitamente.
se a crítica maior é que Borges  se recusou a reconhecer A Forma, a deixar o texto se abrir e se desdobrar nos caminhos que se bifurcam (o Jardim é tão grande quanto a Biblioteca de Babel e o que determina os percursos é a Loteria de Babilônia, você escreveu num ensaio que não publicou ainda; mas é tão óbvio) …. então, às 4h da manhã, o que você nota é que precisa deixar o site e o texto e o livro que vem do texto que é o site, tudo isso, se abrir em caminhos e enveredar por onde achar que é razoável, ou insano.
você disse ontem que sua próxima empresa se chamaria _______. não, você não pode dizer o nome antes que seja criado, seria o mesmo que perdê-lo.
você apenas digita mais um texto, como quem planta outro arbusto e cria mais uma bifurcação no Jardim, como quem faz outra aposta na Loteria, como quem muda um trecho de um dos livros da Biblioteca.
sabe, Borges não escreveu - talvez não tenha notado - mas os livros da Biblioteca estão constantemente sendo reescritos, sem que ninguém veja.
é o que quebra a estrutura do conto - é o limite, de onde ele não passou.
isso continua.
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