Massive Attack [Teardrop]: "o amor é um fazer"
d.C. 2009/5
Carlos Irineu da Costa in Música, música

Teardrop é uma daquelas músicas tão belas que não precisava “significar” nada. A Liz Fraser (voz única, marca do também único Cocteau Twins), diáfana sobre uma batida trip hop, mas já meio noir, bastaria.

Ainda assim, Massive (quase?) sempre tem algo fantasticamente belo nas letras. Teardrop começa com:

Love, love is a verb
Love is a doing word

Algo como

Amar, amar é um verbo
O amor é um fazer

(Literalmente, “amar é uma palavra de ação”, mas não seria uma tradução se fosse tão literal…)

Lembro disso de vez em quando, ou porque a música começa a tocar na minha cabeça (onde muitas músicas tocam em “shuffle”, sem que eu saiba de onde vêm, por que vêm) ou porque me dou conta, em meio a um outro (a)fazer do dia, que não penso no amor como uma “coisa”, algo que se tem ou não, algo que existe assim, solto.

Amar é um verbo, o amor é um fazer. Precisa de cuidados, precisa ser reconstruído sempre.

Soa perigosamente autoajudístico, eu sei, mas é verdade.

A idéia de que seja um “fazer”, e não um “objeto”, me faz pensar que este é um olhar Zen: me dá a noção de movimento constante, de algo que precisa ser percebido como mutável, algo que não possui uma essência intrínseca, mas apenas os sentidos e as formas que damos a ele, amor, ao longo dos dias.

E deixo isso solto, aqui, como uma imagem para cada um juntar ao que tiver dentro de si.

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