Imagens & Tópicos
Das internas

Oi!, e bem-vindos ao Doppelgänger. Sou Carlos Irineu da Costa, co-fundador e diretor da “Revista 34 Letras”, ex-editor da Sextante, tradutor de 50+ livros de ficção (entre os autores traduzidos, encontram-se Douglas Adams, William Gibson, Dan Brown, Piérre Levy, Bruno Latour…), autor de 5 livros e, quando ainda havia tempo, produtor musical. 

Atualmente, sou diretor e editor da Bookmakers Editora - www.bookmakers.com.br -, voltada para a publicação de autores brasileiros em co-edição. 

Doppelgänger é meu projeto pessoal de escrita na web. O site contém ensaios, poesias, textos ficcionais, textos críticos. O nome vem do alemão, “doppel” (duplo) + “gänger” (aquele que vaga). Reinterpreto a palavra sem o sentido por vezes místico ou espiritual - meu doppel vaga pela rede, caminha junto comigo no Aqui Dentro e Lá Fora que é o ciberespaço, mas é também o espaço da linguagem. Doppelgänger é, sobretudo, um percurso pelos caminhos dos pensamentos que se bifurcam, infinitamente.

 

Coloque-se frente a uma tela em branco.

Sob seus dedos, você tem todos os textos possíveis – é uma combinatória, uma sequência de sequências finitas de teclas pressionadas.

Uma vez Aqui Dentro, você está Lá Fora e vai, quase instantaneamente, para onde puder pensar, como destino. Encontra o que souber procurar, ou encontra o inusitado, caso queira vagar na Rede.

Escrever é trazer para Dentro parte do que está Fora. E, a cada texto publicado, a configuração da Rede muda, um nodo é criado no grafo, há mudanças (sutis ou não) na própria forma do espaço.

Na Rede, a Escrita é Matéria, assim como o Pensamento. E a Matéria, por outro lado, só pode ser visualizada em sua forma binária. Nada é “virtual” – pensamento, a matéria digitalizada e as sequências de letras pertencem ao Real, assim como a Rede só pode fazer parte do Real.

Eu sou, talvez, um operador – alguém (ou algo?) que produz essas conversões, negocia as passagens entre Lá Dentro e Aqui Fora. Opero transmutações, reconfiguro a rede. Pragmaticamente, a diferença entre um escritor e um programa talvez seja apenas a intenção, ou a coisa tênue e difícil de definir que chamamos de “consciência”. (Se “consciência” for a sucessão de memórias sobre estados anteriores de um sistema, como dizer que um programa não é consciente?)

Aquilo que você lê é aquilo que sou. Ficcional, não ficcional? Como saber? Por vezes, nem mesmo eu sei. Ilusório achar que escritores têm controle – somos aquilo que produzimos, produzimos aquilo que conseguimos produzir, nos limites de nossa capacidade de juntar letras e formar estruturas.

Não mais que isso; mas isso já é (potencialmente) tão vasto quanto a própria Rede.

Coloque-se frente à tela em branco.
Aprecie a imensidão de possibilidades que o cerca agora.
Devagar, mas com firmeza, prolongue os dedos, toque a Rede. Traga algo de volta, encontre ligações possíveis, use seu teclado para traçar um mapa.

Você terá escrito um texto.

Quem é você, ou quem sou eu?

O texto.