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Quarta-feira
abr072010

Tessália como ‘playmate’ e o Declínio e Queda do Império da Playboy

Reassumo meu papel de “pensador [crítico] da cultura” para falar da Tessália como capa da Playboy.

Pode ser um ensaio bem curto: “assim não dá; onde vocês estão com a cabeça?”.

E alguém pode ironizar o sentido sempre duplo de ‘cabeça’.

Mas a pergunta é “onde vocês estão?”, o mesmo que eu já tinha perguntado no artigo sobre a capa da Fernanda Young.

Acho que há uma discussão em construção, aqui, em torno do que estou dizendo agora e do que já disse sobre a Fernanda. Mais adiante, terei que falar sobre a necessidade de silicones e ‘botoxes’ (desculpem-me pelo plural, a palavra nem mesmo está no Houaiss) e hiper-malhação e lipoescultura, hoje, para … como digo isso? … para ‘competir no mercado’ e para ser capa de revista (madrinha de bateria, gostosa de plantão etc).

‘Qual é o mercado’ é outra discussão interessante mas, no momento, vamos falar do mercado que é aparecer na Playboy.

Acho importante dizer que sigo, muito de perto, minha teoria de topoi para pensar coisas assim. Nada tenho a dizer sobre a mulher Tessália, sobre o caráter da Tessália etc…

Falo sobre o que vejo, vejo o que a Playboy me dá a ver. Penso, a partir disto, na função e no lugar (topos) que uma Playboy ocupa e na função / lugar / estética de um conjunto de fotos. Em outras palavras, falo sobre as fotos - e a editoria, e o fotógrafo, e a produção que resultam na publicação - mas nunca sobre a pessoa. (Até porque, neste caso, a pessoa é um ‘efeito de mídia’ ou uma função midiática - mais um artigo…)

Que a produção do Paparazzo tenha conseguido um resultado plasticamente mais interessante do que o da Playboy, aliás, já quer dizer muito. Paparazzo teve a sabedoria de trabalhar com detalhes e ângulos pensados numa situação difícil: Tessália não teria, em seus 15 segundos de fama, tempo de se submeter aos processos cirúrgicos que se tornaram quase obrigatórios para ser uma “Playmate” atualmente. Tessália pode funcionar como motor de um cobertor esverdeado noturno, mas daí a funcionar para as câmeras … não. E Marilyn Monroe & Marilyn Manson já nos disseram muito a respeito.

Por que a Playboy mais uma vez despreza belíssimas modelos-manequins-atrizes com corpos esculpidamente esculturais para dar uma capa a alguém que obviamente tem um corpo, mas não necessariamente tem um corpo que interesse aos leitores da Playboy? Por que a Playboy deixou o seu lugar de definir um ideal de mulher, de beleza, para ser o cão farejador correndo desesperado atrás das perdizes que qualquer outra mídia abate? Por que seguem, em vez de liderar?

Ah. Jogos de palavras. Pensamentos se constroem em cima deles.

Uma amiga observou, num comentário ao meu artigo sobre a Playboy da F-Young, que não era pelo corpo, era pelo voyeurismo. E, naquele artigo, como não me ocorreu que alguém pudesse querer ser voyeur [literalmente, “aquele que vê”] da F-Young, não me dei conta disso. Agora, contudo, não há outro argumento.

Todos sabem da “cena do boquete da Tessália”. Aquele que consiste de um cobertor filmado com visão noturna, verde, em movimento. Não fiquei curioso a ponto de pesquisar se havia um vídeo secreto da câmera secreta sob o cobertor: o que interessa é que, ali, havia algo proibido e, como já nos diz a Psicologia de Botequim, o tesão vive da interdição.

Tessália tinha, então, potencial de mídia para aparecer na capa. Elementar. Problema técnico: a Psicologia de Botequim também nos diz que a Tessália Imaginária pode ser, muitas vezes, mais interessante que a Tessália Real. De fato.

E, pelo que vejo, a Playboy jogou fora o conceito americano de “playmate” (retomo em outro artigo) para, no Brasil, ceder a um “publicamos qualquer coisa que talvez nos faça vender”. (Novamente: por que seguem, em vez de liderar? Quando isso mudou, por que isso mudou?)

A julgar pelos últimos resultados, “vender” está realmente difícil.

Terça-feira
fev022010

Fotógrafo do mês no Flickr (jan 2010)

primeiro post do que deve se tornar uma “coluna” mensal.

O fotórgafo do mês (ou da semana) no Flickr é o BunnyLite / Vanilite:

http://www.flickr.com/photos/vanilite

O trabalho dele com luz é original e criativo. Belas modelos. Algumas vezes um pouco “comercial”, mas é porque ele de fato trabalha com revistas e propaganda. Acho que sabe se manter do lado bom da coisa, mas algumas vezes é meio chapado ao que já existe na mídia.

As fotos de “moças azuis com cabelo verde”, propositalmente ou não parecidas com a ‘jovem ogra’ do Shrek, me fazem levantar a Sobrancêlha Arqueada Spock [TM].

Gosto dos quase-nús com projeções por cima do corpo. Gosto também do pós-processamento “retrô” que ele fez em diversas fotos. Não chega a ser “único” - o cinema e os anúncios estão cheios disso… cheio de tudo, atualmente - mas é bem usado.

E, apesar do título ‘pouco modesto’, que diz “redefinindo a luz”, o trabalho é consistente, com algumas imagens realmente boas.

Fico por aqui.