Schrödinger, making of

“Schrödinger” é um romance que está sendo escrito por Charles Kowalsky. não é seu primeiro livro - ele escreve há tempos, embora tenha publicado pouco - mas é seu primeiro romance. embora conversar sobre isso com ele seja por vezes confuso, Charles K. diz que há uma trilogia em andamento na cabeça dele, três livros em que os personagens mudam, as tramas mudam - pode até não haver “trama” em um deles - mas ele insiste que as preocupações básicas são as mesmas e que os livros se comunicam.
veremos mais tarde, suponho, já que ainda não recebi sequer um esboço de capítulos dos outros dois livros, só li, nos cadernos que ele mantem, anotações sobre os projetos das obras.
boa parte do que Charles tem a dizer sobre o processo de criação de “Schrödinger” – que terá outro título, ainda em discussão – está, ou vai estar, no blog de Charles Kowalsky incluído aqui, no Projeto Doppelgänger.
tenho lido as notas de produção que ele escreve desde o início do livro. é um “making of”, mas não é didático, são coisas dele e, ao contrário do “making of” de filmes, não tenho cenas emocionantes do autor digitando e clicando com o mouse (a Carrie-Anne Moss, “Trinity” do Matrix, é muito mais interessante de se ver em ação do que o Charles, de qualquer forma, então parte do apelo se perde). ele me autorizou a colocar no ar o que eu achasse interessante.
não sei o que as pessoas pensam ao imaginar um cara como o Charles K. sentado na frente de seus três monitores, trechos do livro aberto, usando One Note e Writer’s Café para dar conta das referências e da continuidade da trama, além de muitos impressos - com revisões em vermelho - espalhados em volta.
na verdade, eu nem sei se é assim que as pessoas imaginam um romancista, hoje, ou se ficaram com aquelas imagens velhas de fotos de jornal em que as pessoas estão num quarto atulhado de livros quase caindo das estantes e um monte de papéis com anotações.
me perguntaram no outro dia, em um debate, “como é que um escritor lembra daquilo que escreve e do que vai escrever?”. respondi que cada um de “nós” – e isso vale para “nós editores, nós tradutores, nós que mexemos com palavras” – tem um processo diferente. mais que isso, parece que falamos muito pouco a respeito.
me perguntaram “por quê?”.sinceramente, não sei, mas tenho a impressão de que é uma coisa que nós “só fazemos”, não necessariamente pensamos em “como fazemos”. nós sabemos o que estamos fazendo (bom, alguns sim, outros menos) mas cada um faz de um jeito.
como sexo, acho, só que tem um teclado no meio.



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