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Terça-feira
jul132010

Os Números Idiotas

Vou confessar que, apesar de ter que me aturar todos os dias, o dia inteiro - eu até me lembro dos meus sonhos, então nem à noite tenho paz de mim! - tem horas em que ser ‘eu’ é divertido, quase surreal.

Eu ia escrever sobre um assunto que surgiu com meu colega Doppelganger: Yuri. Outro que flui pela web recolhendo coisas, misturando Aqui Dentro e Lá Fora. Yuri, de origem russa, me falava sobre Prypiat, uma cidade abandonada próxima a Chernobyl onde, hoje, já é possível andar durante algum tempo, com um medidor Geyger, porque o nível de radiação já se tornou suportável.

Mas não posso escrever sobre Prypiat sem mencionar Hashima, a ilha fantasma próxima a Nagasaki (não, nada a ver com a Bomba), porque foi em Hashima que o assunto começou.

Escrever sobre Hashima me lembra de uma coisa boa, que é o “Dead Cities”, um dos melhores albuns do Future Sound of London, por sua vez um dos meus grupos prediletos de música eletrônica.

Mas escrever sobre “Dead Cities”, apesar de divertido, vai me levar para longe de Hashima e Prypiat, e nesses dois lugares em que estou agora - browsers, os três monitores, Google Earth e, sobretudo, ‘meu ser’. Não dá para escrever sobre algo sem colocar o ‘seu ser’ neste lugar.

Finalmente começo a escrever sobre Hashima, como vocês poderão ler assim que este artigo também for ao ar. Exceto que, no meio do artigo, me pego tendo que ler a ‘ekka’ obvióide que se tornou a Wikipedia, o que é outro artigo - um mais longo e mais sério - que se junta a uma série de coisas que tenho pensado nos engarrafamentos (o carro, com música, e quieto, é um dos meus lugares prediletos para pensar, porque fico livre de qualquer outra obrigação ou distração, inclusive do celular), sobre os “idiotas da objetividade” que, claro, me levam a falar sobre Nelson Rodrigues.

Eu tenho um Módulo Editorial dentro de mim que fica dando broncas no meu Escritor Interno. O Escritor Interno, obviamente, está se divertindo com essa pletora de assuntos e não está nem aí para saber se vai ou não terminar de escrever tudo hoje, ou mesmo este ano. O Módulo Editor, contudo, reclama da ‘objetividade’, então os dois começam a discutir e chegam a um acordo: resolvem que este artigo aqui será escrito.

Como eu disse, é divertido (e movimentado) aqui.

Até porque o assunto principal eram os Números Idiotas, que são um acréscimo meu à Matemática. Está ficando longo, então deixo os Números Idiotas para outro artigo.

Por hora basta dizer que é perfeitamente possível ser ultra-objetivo e completamente idiota, por isso criei os Números Idiotas. Um bom exemplo está no artigo sobre Hashima, onde cito a “densidade populacional média” da Terra. Com quase 7 bilhões de habitantes, é só dividir pela extensão territorial do planeta e descobrir que dá algo como 50 pessoas por Km2 (ppk2, no Sistema Carlos). Mas, como a Wikipedia ainda é capaz de notar (vão remover isso em breve por não ser um ‘dado objetivo’):

Considering that over half of the Earth’s land mass consists of areas inhospitable to human inhabitation, such as deserts and high mountains, and that population tends to cluster around seaports and fresh water sources, this number by itself does not give any meaningful measurement of human population density.

“Considerando que mais da metade da massa de terra do planeta [da,da,de,do…inferno resolver isso nas traduções!!] é constituída por zonas inóspitas para a habitação humana, tais como desertos e altas montanhas, e que a população tende a se agrupar em torno de portos marítimos e fontes de água doce, este número, por si só, não dá qualquer medida significativa da densidade da população humana.” [Wikipedia, in Wikipedia: mudei a página e não vou voltar para procurar o link, mas está lá.]

Um fato objetivo é que os Números Idiotas proliferam, e não só na Wikipedia.