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Segunda-feira
ago032009

Playboy: o Real e as mulheres hiperreais

suponho que deva ter um post em algum outro lugar deste site explicando aos leigos em Teoria Estética Avançada de Revistas Masculinas a diferença entre a Playboy e a Penthouse, porque colocar as duas juntas é mais ou menos o mesmo que dizer "o Globo e a Folha de São Paulo": os dois são jornais, as duas acima são revistas. todos os quatro imprimem coisas. algumas vezes fotos, outras textos.

as semelhanças acabam aí.

mas, como disse é um outro post. assim como é um outro post narrar minha teoria sobre a Estética Estática da Planetarização do Corpo Feminino como Objeto da Plástica, coisa que me coloca para pensar um bom tempo e requer amplas análises.

ao contrário de tantos outros posts debochados, esse aqui é incrivelmente sério. e eu sei que algumas pessoas começam a ranger entredentes a palavra "machista" quando menciono o assunto, mas, curiosamente, eu sou um feminista radical (ou um "existencialista", não sei) pelos meus pontos de vista a respeito disso tudo. é preciso prestar atenção nos detalhes.

Playboy e Penthouse têm padrões. fortes. e seus padrões ditam padrões de muitas coisas, desde como as pessoas aparecem sem fantasias no famoso outdoor de corpos que é o Mercado Público de Carnes do Rio até que tipo de lipoplasticoesculturaaspirada estará na revista Moda & Cirurgia Plástica ao longo dos meses (e quanto as clínicas de Plástica e Cirurgia Financeira vão lucrar com isso).

há um mercado em torno do que a Playboy resolve sobre pelos pubianos. há um mercado em torno das praias que a Playboy elege para as fotos mais importantes – notando que é absolutamente irrelevante "onde" eles fotografam e nunca entendi, como teórico, por que levar alguém à Grécia se (a) como público consumidor, quero consumir o corpo do mês, não o lugar e (b) mesmo que eu quisesse ver o lugar (bolas, teria comprado a revista de viagens e turismo se quisesse ver Santorini!), NÃO DÁ, porque estão vendendo a mulher e, no máximo, vejo umas casas gregas brancas ao longe.

com tanto processamento em cima das fotos, por que não incluir digitalmente 5% do que está longe e atrás e não têm a menor importância?

(tem um outro assunto aqui: por que contratam "cenógrafos" para certos ensaios, que tipo de ensaios são feitos – porque são poucos – e por que não mudam as poses cristalizadas que já encheram o saco de todo o mundo?)

qualquer um que tenha passado tempo examinando & analisando as séries de fotos de Playboys ao longo dos anos (chama-se "estudo diacrônico", na Academia, e chamo você de "um cara esperto" se conseguir transformar isso em projeto de pesquisa; o que é curioso porque, seriamente, estudar a representação do corpo feminino nas Playboys fornece muito mais insights sobre nossa cultura e o Imaginário & Imagética planetários do que quase qualquer outra coisa em que eu pense) ...

qualquer um que tenha passado tempo analisando as fotos chega a várias conclusões. como a maquiagem mudou, e como os anos 80 têm que ser apagados da Linha do Tempo porque era realmente cafona e "over". como a iluminação mudou. como o olhar sobre a mulher mudou – e não me importa se dizem que é sempre "mercadoria", o olhar, ou talvez a forma de vender o que se vende, mudou; não entender isso é não entender nada. como a existência ou não dos pelos pubianos vai se alterando.

as maiores alterações topológicas (sim, há uma topologia do corpo e o corpo também é um topoi – um "lugar" no sistema macro-econômico-sócio-cultural) são notadas, contudo, quando notamos que as primeiras "playmates" (economiza digitar "mulheres fotografadas pela Playboy") eram mulheres normais. fotografadas com o que as técnicas da época permitiam e com o que era considerado "de bom gosto" (sem nus frontais!, proibido!!) mas eram mulheres normais.

em algum momento o "culto ao corpo" (do qual falam muito e continuam falando sem examinar as Playboys, não entendo) cria o conceito de ginástica como algo fundamental, talvez porque nos tornamos muito sedentários (deus criou o chocolate, mas foi o diabo que inventou a geladeira). os corpos mudam e são conformados pela evolução da ginástica, que vai se especializando em "localizar" gorduras e vai cuidando de inventar torturas (pagas) para resolver as tais gorduras que nunca foram um problema até então.

esse é o "momento um", uma primeira mudança no zeitgeist, na gestalt e em outros termos alemães bacanas de usar nessas horas (sobretudo quando eles têm sentido mas podem ser objeto de galhofa crítica ao mesmo tempo).

o que a ginástica não resolvia passou a ser resolvido com a crescente criatividade de toda a equipe de produção – e Playboy se destaca pelo alto nível de produção que ela atingiu, com tudo o que isso tem de bom e de perverso – que começou a usar fitas adesivas e acessórios e ângulos para disfarçar imperfeições.

a Playboy deixou de ser WYSIWYG – se você saísse do estúdio com a moça que entrou lá, você não estaria mais com a mesma moça: existem as fotos e existe a pessoa real. as fotos passaram para um outro Domínio (formalmente, para os colegas formais, continuam sendo Reais, não podem deixar de ser, mas é um "Supra Realismo").

apesar de tudo, ainda era "mais ou menos a mesma coisa", no sentido que era uma boa ilusão de ótica mas era só isso, ótica, percepção, produção. como em uma sessão de fotos para conseguir o melhor ângulo de um político e usar nas fotos de campanha, por exemplo, e guardadas as devidas proporções e lembrando sempre que a Playboy é completamente honesta quanto ao que vende. os políticos vivem de vender a honestidade em sucessivos leilões fechados. (o que é outro post, e um que vai ser mal visto nesses tempos de democracia muito questionável, ainda quando a idéia de democracia seja mais um post, também muito questionável).

agora eu digo que "acabou". andaram falando no "fim da História" uns tempos atrás -

 

(se uma mulher está numa revista como "corpo", é para vender o corpo e o desejo que este corpo provoca; qual exatamente a discussão sobre isso – ponto passivo – e qual a questão "feminista" se é exatamente o mesmo processo que ocorre com atletas e, hoje, sobretudo jogadores de futebol, que são como os caríssimos cavalos de corrida? tem algum "movimento masculinista" protestando contra a "coisificação" dos jogadores? contra o fato de que eles são explorados ao extremo, ficam ricos – bem mais do que a maioria das atrizes-modelos-moças-que-posam para revistas ficam – e depois, em muitos casos, têm problemas com bebidas, com bebidas e mulheres, com bebidas mulheres e drogas, com isso tudo e violência ... não é nada fácil)

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