jurisconsorte

eu te quero tanto
mas por vezes
me fogem formas
para te dizer; ou
por mais que tente
passar além do silêncio
manipulando frágeis palavras
eu serei apenas
poesia, talvez
muita paixão mas
apesar das planilhas
que me povoam
há em mim uma falta
há em mim um excesso
que me torna
poeta
junto com todo o resto mas
por vezes querendo
o dia cinza em branco
por vezes querendo
silêncio, ouvir
o cântico das Musas
e nem sempre isso
vive em harmonia
com o resto.
choro
mais do que me vêem
choro
mais do que digo
e mostro apenas aquilo
quando choro feliz.
nos outros dias
choro em mim, quieto,
cachorro na rua
no frio com fome
ganindo ao escuro
procurando a casa
muito perdida.
queria saber te dizer isso e
me jogar em teus braços
esquecer todo o resto
me lembrar apenas do teu corpo
contra o meu
mas nem sempre consigo.
engano pensar
que as palavras me vêm fáceis;
todas me custam algo
enorme e
precisam de cuidado extremo,
sem preço sem metas sem tempo
para escrever
este pode ser
o mundo errado.
talvez eu não
devesse estar aqui, agora;
ou talvez isso seja
algo que todos poetas desde sempre disseram
porque poesia
nasce quase sempre de um incômodo, um
desatino com o mundo;
se há harmonia
creio que fazemos danças
um pouco de música;
jamais letras.
(créditos das fotos: Carlos Irineu; Rio, 2010, Hipstamatic @ iPhone 3G; Itália, 2008, Canon whatever)





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