Imagens & Tópicos
Das internas
Segunda-feira
dez212009

Bateu no mail: Sósias e Paparazzos para celebrações …

… de final de ano. É muito XemNoxaum, então vem direto para cá.

começa dizendo que estão honrados pelo meu “grandioso contato”. nunca fiz nenhum contato e, se fizesse, não teria nada de “grandioso”.

são uma empresa de “produções artísticas”. e o que tem por trás do nome da rosa? oferecem sósias, “cover artísticos” (“covers” devia estar no plural, mas a expressão em si não faz sentido, so let it be) e os “famosos paparazzos”. desde quando paparazzo é “famoso”?

o resto do mail é um primor para uma avaliação do Grupamento Gutemberg: diz mais ou menos o seguinte:

Nosso maravilhoso trabalho de divertimento com público através da presença da estrelas de mentirinha é reconhecido por todo no Brasil e tambem para eventos em paises do Mercosul.
Nosso diferencial é que nossos profissionais são atores profissionais tendo muito deles em apresentações em programas de tv, entrevistas, matérias jornalisticas do gênero, documentarios, e de atrações artisticas,
e sendo assim nossa equipe de profissionais tem disposição, pontualidade e atenção para seu evento para onde seja, isto é, trazendo boas oportunidades de comoção e gargalhadas do público em geral em qualquer lugar do Brasill!!!!

não cito nomes, mas nunca deturpo nada: o texto veio exatamente assim.

vamos pular os erros de português. eu sempre fico “expressionado” com a quantidade de erros que alguém consegue cometer em um parágrafo. que o cara tenha digitado errado – como eu várias vezes digito, até por conta dos nervos detonados nos braços e da velocidade geral de pressionamento de teclas por aqui – e tenha saído “presença DA estrelas” no lugar “DE estrelas”, tudo bem. mas pérolas como “nossos profissionais são atores profissionais” e a seqüência Xem Noxaum que diz: “tendo muito deles em apresentações em programas […], matérias jornalísticas do gênero […], e sendo assim nossa equipe de profissionais […]” – isso é um primor de redação.

coisas que Calvin perguntaria, após ler este mail:

1. o que são os “famosos paparazzos”?

2. um “cover artístico” tende a ser um “couvert artístico” ou é um “artista cover”?

3. lá no final, o que significa “isto é, trazendo boas oportunidades de comoção”? em que sentido “comoção” é usado, aqui?

4. por que eu recebi isso e por que meu filtro de spam estrategicamente deixou passar? (me cheira a armação do Bob e do pessoal da Seita do Nono Bit, mas é óbvio que eles nunca contam nada.)

5. o que acontece se eu ligar para o número que veio no mail e pedir um … catálogo?… de, hum, profissionais profissionais?

estas são perguntas que não querem calar. e este foi mais um mail Xem Noxaum que aportou em minha caixa postal.

Quarta-feira
dez022009

O Ser, o Tempo, SMS's e Twits

a temporalidade (a percepção subjetiva do tempo) mudou de novo (o tempo não muda, ou muda sempre, depende do físico com quem você estiver comendo sushi). carta virou postal e telegrama, isso e os longos telefonemas viraram mails. mails ficaram longos e são muitos, não dá mais tempo. SMS tem um “limite de sakkinho” para digitar (mesmo no iPhone) mas ainda dá para dizer algo. e Twit… sei lá.

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Quarta-feira
dez022009

cenas fluminenses II (de outro Doppelgänger)

coisas chegam por mail. para mim, algumas vindas do Charles K., algumas por postal (hoje chegou um da África do Sul). algumas vêm de Doppels: vidas paralelas, cenários próximos, coisas que ouço como se eu dissesse, coisas que digo como se tivesse ouvido. nós, Doppelgängers, recolhemos cenas. somos vampiros cult, cool, ultrapop, cyber (sobretudo, somos reais; ou talvez não, mas vivemos em nossas irrealidades). um dia me perguntei por que vampiros não têm reflexo no espelho. Doppels também não. levei anos e só me respondi hoje, quando já não perguntava mais: não temos reflexo porque já somos o reflexo de outros. nós refletimos: frente a um espelho, seríamos o espelho no espelho: tudo o que se vê é a imagem n-duplicada daquele que observa.

recebo uma história, conto o que ouço. nada novo aqui: Alexandre Herculano fazia o mesmo, Portugal, 1800 e pouco: silêncio, porque vou principiar.

chego em um barzinho metido a besta chamado w.o. numa esquina da moreira césar, em icaraí. a idéia é beber um chope sem maiores aporrinhações antes dos “últimos dias de hitler”. vou para o balcão - lugar dos solteiros que se dão ao respeito, de acordo com o mestre jaguar - e peço o tal chope. ao meu lado, um sujeito entre 45 e 50 anos, engravatado e absurdamente trincado de pó, a boca escancarada num sorriso permanente no pior estilo coringa (e o sorriso do filme nem existia ainda, mas seria o mesmo, anos mais tarde). parece querer morder a própria orelha.

- posso te incomodar? - pegunta o coringa.
faço um gesto de “você vai incomodar mesmo que eu não quisesse” e ele repete:
- posso te incomodar? - mexendo-se como se estivesse com um formigueiro em erupção dentro das calças.
- diga lá.
- você é bem jovem, né? quanto? 19 anos?
- 24.
- ah, estuda o quê e onde? - praticamente saltitando em frente ao balcão. minha vontade é dar logo uma porrada para ver se ele pára quieto. dar porrada para ter um pouco de silêncio constitui crime?
- letras, na uff.
- ah, professor…
- tradutor.
- é mesmo? sabe onde está a grana na sua área? empresa de petróleo. vai por mim. pagam uma grana pra quem traduz manual, documento pra eles. vai por mim. um amigo meu tá nesse negócio, vai por mim. - se aproximando com a incoveniência sem noção dos quimicamente alterados.
- trabalho mais com tradução literária.
- mas isso não dá dinheiro, dá?! não é onde está LA PLATA! hahahahahaha…

fico em silêncio e termino meu chope. focado no copo. se eu me concentrar muito no copo, o cara desaparece?

- paga o dele e o meu e traz mais dois – para o garçom.
- não precisa – focar no copo não resolve. o Budismo diz que “there is no spoon” mas não ensina como abstrair os chatos.
- ah, isso aqui é mixaria… olha, sou advogado. fiz um divórcio hoje. ô garçom, ô garçom, muda essa porra dessa música aí, caralho. pois é, fiz um divórico hoje. o marido, ex-marido, né, hahahaha, ficou arrasado. levei ele em casa e tudo. queria subir o morro pra comprar pó. furada. ainda mais no estado dele. não deixei. advogado tem que ajudar nessas coisas. e você, usa drogas? usa né? as inofensivas ou as nocivas?
- depende de quais você considera nocivas e quais você considera inofensivas – para o cara que é droga nociva. pior, não dá barato.
- tudo bem, tudo bem. vamos mudar de assunto. caralho, essa música é velha (toca “meio desligado”, kid abelha: versão do acústico, agora que a música foi pro saco e só sobrou a indigência de refazer pior o que já era ruim. pop-rock acústico? caralho, esqueceram Bob Dylan!) 
- essa paula toller é uma vadia. canta de perna aberta, já viu? vagabunda. – com cara besta de tesão.
- hum.
- e as mulherzinhas, você faz uff… lá é cheio de mulherzinha né não? hahahahahaha

não respondo.

- eu fiz design na puc. peguei muita mulher, design só tem mulher, uns esquisitos e os viados. assim sobra mais. mas essa porra de design não dá dinheiro nenhum… – olhar se perde - …aí fiz direito e montei esse escritório de advocacia. você faz tradução não é?
- é.
- petróleo. vai por mim. la plata. pois é. ô garçom, paga esses dois aí. eu vou embora meu nobre. se a gente se ver te pago outro chope, senão… hahahahahaha…

Coringa dá dois tapinha nas minhas costas e some, deixando a conta paga. peço mais um chope e bebo lentamente. preciso melhorar a técnica Zen de fazer os chatos sumirem.

Quinta-feira
nov262009

Marilyn Manson + Madonna + trash pop = Lady Gaga

não tenho muito o que dizer além do título.

li uma entrevista, entendi a parte do self-marketing: é a nova fronteira, talvez a única que sobrou. música? que música? basta a mídia, chocar os que ainda se chocam (ou se movem, sei lá, estamos todos necrozumbis) e o conteúdo….

a mída não precisa de conteúdo. ultrapassamos a gentil ingenuidade das Extensions of Man, Marshall McLuhan, circa 1964: “a mídia é a mensagem”.

eu digo: a mídia é a mídia. a mídia vale o que a mídia vende. a mídia se basta. a mídia só precisa de mais mídia e, sobretudo, a mídia requer consumo.

(“buy more, be happy”, diz a voz no CD do Orbital, a voz retirada do profético THX1138, melhor filme do George Lucas, o filme menos assistido do Lucas: as vozes nas fitas, repetidas em falantes onipresentes em ruas que parecem shoppings infindáveis, as vozes dizem o que nos tornaríamos, e aquilo era 1971, e ainda assim ele sabia.)

o corolário é que a mídia consome a mídia e a mídia consome quem existe em torno da mídia.

o corolário não é óbvio, mas é o que é.

Marilyn Manson me parece sincero. autodestrutivamente sincero, homoheteroandroginamente sincero. musicalmente sincero em seu cybertechnopunk revisitado e que revisa o pop: versões ampliadas, melhoradas, atualizadas de “Sweet Dreams” (Eurythmics) e “Your Own Personal Jesus” (Depeche Mode). e compreendeu como manipular a mídia, a mensagem e as pessoas. a voz mais honesta e clarividente no filme de Moore diz:

everything has been said before / there’s nothing to say anymore / when it’s all the same / you can ask for it by name
(tudo já foi dito / nada mais a dizer / quando é tudo o mesmo / pode pedir pelo nome”

e conclui:

are you motherfuckers ready / for the new shit? / stand up and admit / tomorrow’s never coming
(seus babacas, estão prontos / para a nova droga? / mostre a cara e admita / o amanhã nunca chegará)

[letra: “This is the new shit”; tradução cortesia de mim mesmo]

Madonna passou a vida se reinventado, David Bowie de tempos mais recentes. talvez a maior influência do pop no século XX, junto com Michael Jackson. agora já não sei o que se tornou Madonna, aparentemente preocupada com sua própria eternidade.

Lady Gaga repete musicalmente tudo o que todos os outros “astros” de um pop que me soa cada vez mais como resultado do Dia em que a Música Morreu - nossa era dos DJs que remixam aquilo que já era um remix no início; não há mais músicos, não há mais estúdios, não há mais produtores: a música morreu.

Lady Gaga é irrelevante como música. mas é o cruzamento da lógica de mercado de Manson (e sua habilidade em conformar a mídia, conformação que é a verdadeira Arte de nossos dias) com a sexualidade que Madonna foi tornando cada vez mais explícita ao longo da carreira.

o sexo de Lady Gaga é glitter, falsificado, sem intenção. em breve vai estar no Disney Channel. o rosto de Lady Gaga é convenientemente “não marcado”, ela é Namie Amuro para o mercado japonês, é medley remix de Shakira para os EUA, é alguma outra coisa para a Europa. as perucas overkill são marca registrada de filmes pornô dos anos 90 (wigs, must have wigs) e tudo soa plástico de produtor, se parece com qualquer outra coisa; a música é indigente, sem punch, sem ritmo: a música é trash europop no que tem de pior.

Manson e Madonna sempre ultrapassaram os limites, com intenção. Manson se corta, se droga nos vídeos, se veste de boneca com maquiagem desfeita, se masturba frente a mulheres-fetiche, invade uma festa adolescente vestido de Severus Snape com um séquito de sedutoras em roupas de couro (Tainted Love); retoma a idéia de “culto” do The Wall (Pink Floyd) revisitado na versão de “Another Brick in the Wall” e no belo vídeo “pop star fascista” de “New Shit” com a estética neo-retro e a filmagem impecável. Marilyn Manson tem raiva, Marilyn Manson tem guitarras; tem, sobretudo, o culhão de encarnar e transgredir um fetiche pop após o outro.

Lady Gaga pode ter um lado de dadaísmo puro que eu admiro mas, no geral, é brand old new shit made in 2010.

CDC OUT

Quarta-feira
nov252009

NFS Shift vs GRID: um histórico (altamente pessoal)

Eu era um amante de jogos de corrida de automóvel: acompanhei a série Need for Speed, da Electronic Arts, desde o primeiro (1994) até o Porshe Unleashed (2000). Comprei um volante com force feedback da Microsoft e era feliz. Não lembro o que houve em 2002, quando saiu Hot Porsuit 2, mas foi quando parei de correr no computador. Não queria “perseguir” ninguém, “tuning” não me fascinava e o viés Arcade dos jogos dessa época só pioraram a coisa. Pulei também o NFS Underground, o Underground 2, o Most Wanted e alguma hora me esqueci do assunto.

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