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Das internas
Sábado
mar192011

a lógica perversa do capital: 'o dinheiro fala, ninguém sai'

estou trabalhando em três projetos. talvez quatro. dois são ‘secretos’, na área editorial; um é um retorno a meus tempos de “executivo”; o quarto eu fico em dúvida se não é só falta de sono.

(os projetos exaustivos explicam por que tenho escrito muito pouco; não escrever é um incômodo físico para mim, mas faz parte, como o cansaço. depois passa.)

este business como executivo começou porque, no meio de uma confusão para receber meu pagamento por uma revisão (longa) de textos, notei que era melhor eu intervir nas negociações entre o americano - que vocês podem chamar de “fonte pagadora” - e o comprador - que vocês podem chamar de “infindável burocracia governamental” - e um intermediário, que, até eu limpar a área, vocês podiam chamar de “picareta”. agora tem uma S/A séria no lugar onde já deveria estar há mais de um ano.

este é o contexto. agora o texto.

El Gringo tem um longo passado (empresário de grandes figuras da música rock / pop norte-americana) e conta muitas histórias. algumas delas eu talvez escreva, um dia, quando der. ele também tem muitos ditados. é um cara inteligente e muito articulado (raramente digo que alguém é muito articulado; mas ele não só é muito articulado como também fala mais que meu filho de quase 8 anos, coisa que eu julgava impossível).

um dos ditados favoritos dele é “money talks, nobody walks”. uma tradução correta seria “o dinheiro fala, ninguém vai embora”. contudo, para rimar, em inglês tiraram o “away” que viria depois do “walk” - “walk away”, ir embora. o que ficou escrito, literalmente, é “o dinheiro fala, ninguém anda”.

próximo? suponho que sim. mas, depois de meses vendo coisas paradas e pessoas aprisionadas em situações chatas, comecei a pensar que esse ditado tem um ‘dark side’, um lado negativo: enquanto estamos pensando apenas no lucro, não conseguimos sair do lugar.

minha outra versão para este ditado seria “o dinheiro paralisa”.

estou cansado dessa paralisia e de passar horas desfazendo besteiras que outros fazem ou lidando com a pasmaceira gerada pela excessiva burocracia do Estado no Brasil. ontem estava escrevendo um mail denso, complicado e importante para tentar sair da paralisia em que o projeto me colocou - sair fora.

acordei, hoje, e fui reler este mail antes de enviá-lo. (JAMAIS mande mails importantes sem ‘dormir em cima’ e ler no dia seguinte, é a Primeira Diretriz da ‘comunicação empresarial do Carlos’; vale para a vida como um todo.) notei que o mail estava claro, reclamava das coisas que precisam mudar, abordava assuntos diversos, pedia uma mudança de valor em um pagamento MAS terminava sem dizer claramente o que eu queria: “walk away”, sair fora.

não amanhã - sou responsável -, mas quando aquilo que me contrataram para resolver estiver resolvido.

então por que não disse isso claramente? porque sei que tem mais dinheiro depois. preciso de dinheiro? sim, tenho contas, todos temos. preciso deste dinheiro? não. este não é meu trabalho, é um ‘bico’. bem pago, como bico, se não fosse a irritação enorme e o tempo despendido. mas é um bico.

tem um filósofo que gosto muito de citar, junto com Nike. é o Johnnie Walker. ele diz uma coisa séria: “keep walking” - eu devo seguir em frente, o dinheiro virá de outros lugares.

acordei pela manhã, reli o mail e pensei: “keep walking”. tenho que ser honesto comigo mais vezes.

- - -

PS - no dia em que as pessoas pararem de olhar para slogans de marketing dentro da pasmaceira de ‘lifestyle marketing’ para a qual supostamente os slogans se destinam e pensarem que funcionam como filosofias de vida condensadas, vai ser uma revolução. o “just do it” - pare de enrolar! - da Nike sempre me coloca para pensar.

Sábado
mar122011

[curtas] Galactic Empire State of Mind

(inaugurando uma ‘seção’ chamada Curtas, como vocês podem ver, para eu ter como …. é, mandar links e dizer coisas curtas, nem tudo precisa de uma página de texto…)

em cima de “Empire State of Mind”, duo do Jay-Z (‘correto’) com a Alicia Keys (uma das melhores vozes por aí, no momento; o tipo de voz que me faz ficar arrepiado e irritado porque, ‘como as coisas estão’, ela fica cantando umas bobeiras que não estão no nível dela)

anyway: vídeo abaixo: impagável: Star Wars rende muitas paródias hilárias, essa é uma das melhores. featuring Darth Vader como rapper e Princesa Alicia Leia Keys.

http://www.youtube.com/watch?v=YNyE2xExktA

FUOP!

Quarta-feira
mar092011

nessa outra vida

nessa outra vida eu tenho tempo, sempre; e dinheiro no banco para aproveitar o tempo, embora comprar nunca seja importante.

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Quarta-feira
fev232011

to die for

IMG_0041você senta numa mesa. qualquer. você é freqüentador daquele lugar, o que torna o espaço conhecido. as pessoas, claro, mudam sempre. janta, mais por fome do que por prazer, algo razoável mas que não chega a ser interessante. pensa num texto que está escrevendo, refaz detalhes, tenta entender como é a estrutura. (textos têm estruturas cristalinas: quanto mais coesas, mais belo será o cristal.)

pelo menos vinte coisas cruzam sua mente. importantes. idéias e tarefas de um fim de dia. qualquer.

à sua frente há agora uma mousse, talvez o mais interessante da noite. acompanhada por um expresso. o Deus do Café está de bom-humor com você hoje e você lhe dá g raças: o expresso está perfeito. quando você olha de novo para cima, uma moça se sentou à sua frente. é uma Musa e você sabe disso: parte do treino para se tornar Escritor e fazer parte do Sindicato dos Escritores, Ilimitado, é aprender a reconhecer e lidar com as Musas. (como um Escritor poderia criar sem elas?)

cada uma tem seu jeito. esta tem beleza extraordinária, o tipo de beleza que as Mortais não têm. me parece vinda da Itália renascentista – penso se foi ela que posou para Bernini, mas não creio, são outras linhas. a Sabina de Giambologna, em Florença? não, ela é mais esguia, mais leve que as Musas de Bernini e Giambologna. Atenas, período clássico? findo & ao fundo, não uso mármore, uso palavras. 

possui lábios grossos, não-botox, apenas o suficiente para sabermos que estão lá, os lábios. o nariz é grande demais, tem uma pequena ‘quebra’ na forma: beleza imensa, penso na falácia da cirurgia plástica que, de tanto procurar uma Perfeição, acaba tornando tudo plástico, uniforme, chato. cabelos muito escuros, me parecem grossos. alta e muito magra, mesmo que não fosse Musa – portanto,  intocável – nela não pensaria na cama: a blusa preta com uma faixa larga apertada em torno da cintura não é bom prognóstico.

os olhos são. intransitivamente e sem complemento. os adjetivos para olhos se esgotaram e todos sabemos disso. ainda assim me soam como sinos que se desdobram num coral da Nona de Beethoven antes de se abrandar num tutti de cordas, em tom maior, em seguida se voltando para baixo, ondas oceânicas de mar aberto recobrindo ilhas de palavras.

ela me olha: Musas ficam curiosas quanto ao que seus Artistas criam sobre elas mas sabemos, ambos, que ela não lerá o que escrevo. eu nunca perguntarei o que ela achou.  __ : intocáveis, ambos.

deixo-a aqui, reclinada sobre estas palavras, para a eternidade digital pós-humana até que o último bit se apague.

era tudo o que eu tinha a fazer lá e sei disso. levanto-me, pago a conta, entro no carro. ponto final.  

Terça-feira
fev222011

Ikkyu: 2

nuvens infindáveis nuvens ascendendo

nada pedir de palavras numa página 

 

clouds endless clouds climbing beyond

ask nothing from words on a page

 

 

trad. BR: Carlos Irineu;
versão US: Stephen Berg; 
in: “Crow with no mouth”

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