Imagens & Tópicos
Das internas
Domingo
jul112010

As vuvuzelas sugaram a emoção dos estádios

Me lembro de quando era pequeno e meu pai me levava ao Maracanã. Sou ateu desde pequeno, e meu pai é flamenguista doente. Aquele ritual todo de empurrar a bola de um lado para o outro me parecia um pouco enfadonho, mas a torcida sempre me emocionou.

O Maracanã em dia de Fla-Flu (ou qualquer outro jogo decente) é uma igreja em fúria, cheia de apaixonados, que soltam fogos, batem no que tiverem para bater (de tambores aos torcedores do time adversário) e, sobretudo, gritam muito.

Acho que deve ser um ritual mágico, para qualquer jogador, lutar contra o time adversário enquanto, ao mesmo tempo, está fazendo um show de rock e interagindo com aquela multidão, seus fãs. O estádio e o jogo eram uma coisa só – a explosão após um gol, a expectativa antes de uma cobrança de falta, a decepção com uma bola na trave, a irritação com o juiz, os cânticos criativos que cada torcida inventava para louvar um ídolo ou infernizar a vida dos adversários… Havia poesia em cada uma dessas coisas, era lírico, uma ópera, música.

Começou a copa de 2010 e não teve nada disso. Se teve, foi baixinho, ninguém ouviu, pois quase tudo ficou abafado pelo enxame irritante de vuvuzelas. Quem inventou aquilo?; quem achou que aquilo tinha algo a ver com futebol?; quem cometeu o crime de deixar que aquilo abafasse a emoção das torcidas com o som tolo, feio e chato de uma mosca varejeira?

Todo músico sabe que a música é baseada em silêncio. Sem silêncio, sem espaço entre as notas, você tem ruído, não música.

Da mesma forma, as vuvuzelas não parecem ser uma ‘torcida’ de fato: são apenas ruído insano, e me entristece pensar que, até mesmo no futebol – e ao menos nesta copa -, as coisas tenham tomado o rumo do abestalhamento, do emburrecimento, e que as explosões de emoção das torcidas tenham se reduzido a isso:

zuuuuuuuuum.

Para onde vamos depois: clínica de surdez ou asilo psiquiátrico?

Quinta-feira
jul082010

O Globo digital em alta resolução para o iPad

Para quem tem um iPad, é possível ler edições digitais completa do Globo, (por enquanto) de graça. Detalhes no texto.

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Domingo
jul042010

Sobre a Escrita (um divertimento)

Considere que é um exercício. Um ensaio.

.

A mão precisa desenhar pequenos símbolos de traçado vazado na superfície de uma folha de papel.
Outra vez de novo. Usando diversas cores canetas diferentes fontes.
Até (a mão) sangrar vermelho misturando-se com branco de 
palavras conformando matéria papel machê compondo
máscara que será a nova persona moldando minha
face.

Considere (que é) uma preparação sem fim

para aquilo que nunca virá:

Sala de Espera

para o fim do mundo.

 


Domingo
jul042010

11 Fragmentos sobre ____

Isto não é exatamente uma reverência
Eu vi seu corpo na TV sendo imolado
Sua imagem, muito papo furado;
Homens ateiam fogo às suas guitarras
Há muito tempo
Homens ateiam fogo às suas roupas
Desde que eu me conheço

[Fragmento 001]
[Tipo: letra de música]
[Autor: Fellini (a banda dos anos 80; não o diretor de cinema)]
[Origem: História do Fogo, in “O Adeus de Fellini”]
[Data de inserção: 14 jan. 1990]

 

Domingo
jul042010

No início, você era um Deus…

Diz uma lenda hindu que, há muito tempo atrás, todos os Homens eram deuses. Por terem abusado de sua divindade, Brahma, o senhor dos deuses, viu-se obrigado a retirar deles o poder divino. Decidiu escondê-lo em um local onde os homens não conseguissem encontrá-lo.

Brahma convocou os outros deuses para decidir o local do esconderijo. Vamos enterrar a divindade dos Homens na terra – propuseram alguns, enquanto outros diziam: vamos escondê-la nas profundezas dos oceanos.

Brahma, contudo, não se deixou convencer. O Homem escavaria a terra, exploraria os oceanos, e um dia acabaria por recuperar a sua divindade. Como os deuses não conseguiam chegar a uma solução para o problema, Brahma propôs: esconderemos a divindade do Homem no mais profundo de seu ser, pois é este o único lugar onde ele jamais pensará em procurá-la.

Desde então o homem tem percorrido a terra, viajado pelos oceanos, escavado, mergulhado, explorado a Terra inteira em busca de algo que está escondido dentro de si mesmo.

PS – Nem sempre percorro a terra/Terra; por vezes percorro só meus HDs, que são uma outra terra. Embora a tradução seja minha, sinceramente não lembro de quem é o original. O arquivo diz ter sido criado em 1997. Eu acredito.