Imagens & Tópicos
Das internas
Quinta-feira
set242009

GTX260 e megaplacas de vídeo: você tem espaço?

Há poucos meses, comprei uma placa gráfica GTX260, essencialmente para dar conta dos jogos de auto-emotivos lançados neste final de 2009. A GTX260 faz o que tem que fazer mas é um trambolho. Este artigo não é uma resenha da GTX260, mas tenta explicar alguns problemas que você vai ter ao colocar um Titanic Gráfico Digital em sua máquina.

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Quarta-feira
set232009

Urban Word of the Day: 'impactful'

o Urban Dictionary merece muitas menções por vários motivos. creio que o principal é que o dicionário é engraçado, no geral sério *e* correto e as descrições dos verbetes são, muitas vezes, hilárias.

queria muito que tivéssemos um dicionário assim em português. (aliás, profissionalmente, queria muito que tivesse um bom dicionário em português, já seria fantástico, mas isso é outro assunto.)

não faz muito sentido traduzir porque perde a graça, então fica a brincadeira para quem sabe inglês. temos um similar nacional do verbete, “impactante”, mas provavelmente é descrita nos dicionários daqui como “aquilo que causa ou provoca impacto”.

Impactful

A non-existent word coined by corporate advertising, marketing and business drones to make their work sound far more useful, exciting and beneficial to humanity than it really is. This term is most frequently used in “team building” seminars and conferences in which said drones discuss the most effective ways to convince consumer zombies to purchase crap they clearly do not need or even want.

[ de www.urbandictionary.com ]

Domingo
set062009

a Grande Conspiração de Seattle

quando trabalhei como Escravo Branco na Califórnia, nos anos 90, a certas alturas um francês veio de Redmond para resolver algumas coisas (e paquerar as brasileiras que também estavam lá como Escravas Brancas). o francês sempre falava que tínhamos muito sol (era verdade), que era ótimo trabalhar lá (seria, se nos pagassem algo além da comida) e que, em Redmond - logo ao lado de Seattle - fazia frio e chovia e ficava cinza o tempo todo.

recentemente (julho, 2009, vamos supor) estive em Seattle para me reunir com outras pessoas que fazem parte da Seita e trabalham lá. não preciso dizer nomes mas, se precisasse, diria Paul, Billl, Mike e John, entre outros. assuntos internos da Seita, de qualquer forma.

durante os 7 dias que passei lá, o tempo de fato não mudou: fez sol todos os dias, estava quente a ponto de eu sair de camiseta (andei na neve de camiseta, subindo uma montanha logo acima de Seattle, ainda em WA), quando eu voltava para o alojamento que gentilmente me cederam - uma humilde casa com jardim em um bairro bacana da cidade (que só tem bairros bacanas, tirando a região do porto que, como em qualquer lugar, é um porto com armazéns e muito equipamento industrial) - estava tão abafado que fiquei pensando em como alguém podia morar ali sem ar-condicionado. me disseram que fazia frio o tempo todo, que chovia etc etc.

disseram também que muitas outras pessoas tinham ido lá visitar a cidade, ficado uns dias e nunca tinham conseguido ver o Mount Rainier - que é realmente grande, e alto - porque ficava encoberto o tempo todo. vi o Mt. Rainier todos os dias, já estava quase cansado dele.

além de tudo isso, Seattle tem uma das melhores fábricas de chocolate artesanal não-Belga não-Fancês que eu conheço. fica escondida em um bairro (novamente) simpático e os chocolates receberam o Carimbo de Aprovação Oficial da Seita.

óbvio que o Prof. Dr. Dr. Van Helmanns queria que eu mandasse “espécimes” para ele examinar, lá em Tschotzcklm, onde é frio, cinza e chove de verdade, mas eu disse a ele que o chocolate iria desconcentrá-los das pesquisas com Transmissão de Dados em Altíssima Velocidade com Cheetas, então nao mandei nada para lá.

a conclusão foi de que Seattle, secretamente, é e deseja se manter uma cidade formidável para se morar e, como parte da estratégia de dissuasão para as pessoas não irem lá perturbar, inventam a tal história da chuva e do frio etc etc.

tudo mentira. fotografei muitas coisas para comprovar. estarão disponíveis para os Fiéis da Seite em nossos Servidores Interdimensionais em breve - obviamente que é preciso uma senha e o número do cartão de crédito cadastrado deve ser válido, já que as fotos, artística e de alta qualidade, são cobradas.

Bob Charles, ago-2009

Terça-feira
set012009

de volta

bom voce estar de volta tambem. acompanho suas últimas produções - como todos, atualmente. você manteve a porta de acesso à sua área de arquivos pessoais, por vezes leio suas notas de produção, vejo as entradas em seu diário.

mesmo que você não me veja e eu nunca saiba se você lê minhas mensagens, te escrevo, tenho saudades. estamos longe agora, dimensões distintas, outras vidas.

você ainda se lembra? a Eurásia, o inverno, nosso quarto no hotel em Praga? tinha dois gatos na recepção, um preto e um rajado, pelo que lembro. subiam conosco algumas vezes, ficavam ao meu lado no sofá enquanto eu lia. continuo gostando de gatos, tenho quatro em casa. posso ter gatos aqui, é um pequeno luxo deste lugar.

aquela foto na sacada... foi uma releitura minha de uma foto do Helmut Newton de que gosto muito, só que, no caso dele, a modelo estava nua e havia uma vista linda da cidade ao fundo. a sacada era muito mais charmosa, outro hotel mais luxuoso que o nosso ou pós-produção digital... enfim, tentei apenas capturar o clima da foto dele... nao saiu exatamente como eu queria mas gosto da foto mesmo assim.

vi que você retomou a imagem numa cena do Doppelgänger. não sabia que você ainda tinha uma cópia, ou sequer se lembrava dela. do hotel. de mim. você lembra?

Truffault nos encontrou naquela reunião de produção na Bélgica. viajávamos muito, as pessoas se encontravam mais vezes, lembro que os cronogramas eram tensos, você ainda tinha que construir seu nome, a carreira, tudo, mas já havia muito mais trabalho do que tempo. Truffault sentou-se conosco naquele café simpático - havia mais alguém na mesa, o Mig, talvez, ele liderava sua equipe de renderização na época - e Truffault estava contando sobre um novo processo com o qual estava experimentando, completamente neo-retro como estava na moda, um algoritmo que reproduzia as cores e a textura de filmes antigos em celulose, tudo pré-digital, muito simples, mas vocês gostavam de ver e rever aquilo no Repositório, sempre reclamando que os monitores digitais de vocês, caríssimo, 'não mostravam as cores certas', porque não era 'analógico'.

espero que você esteja bem. encore a la recherche des images perdues? 

Terça-feira
set012009

ZR18

alta madrugada: as ruas eram minhas; a cidade era minha. tudo vazio em volta, os prédios ainda fechados em seus murmúrios, luzes de segurança projetadas cortantes sobre as calçadas, painéis com os enormes logos de conglomerados que eram uma dentre as muitas camadas que compunham a paisagem do Rio; percurso do carro otimizado de acordo com as projeções do Controle de Tráfego Urbano, nenhuma parada indesejável a não ser as duas verificações obrigatórias antes de passar para o Perímetro Externo, cruzando a via expressa e protegida por painéis blindados a 250 Km/h, borrões de drones de manutenção se perdendo no retrovisor, manchas de cores fortes, parada novamente na entrada da ZR18: Ilha, e depois tudo ficou mais lento, reduzindo para a velocidade de segurança das vias internas.

 eu olhava, pensativo, como se aquilo fosse o grafo de uma rede – toda cidade parecia ter um sentido, algum sentido, sobretudo quando vista de cima, pontos de diferentes cores ligados em rede, pessoas-carros-material-dados em percursos diversos, junções, áreas densas onde coisas se concentravam, áreas escuras onde nada fora desenvolvido ainda.

como na Grid, precisava do Navegador do carro para cruzar os nodos. como na Grid, nenhum humano sabia o sentido por baixo de sua construção, se é que havia um – aquilo cresceu, só isso. estava além de todos nós.

luzes de partes distantes pontilhavam  toda a Baía à minha direita, depois um corredor fechado, como em um game, entrando na via entre os muros altos das Zonas Militares controladas pelas Guildas. ali, a Grid e a cidade eram uma coisa só, um nodo onde produtos entravam e saíam, percursos físicos mapeados eletronicamente nos sistemas, percursos físicos vinculados materialmente a containers, números de vôos, transportes terrestres. alimentavam os humanos com seus itens de consumo, alimentavam outros sistemas com insumos que o lado material desses mesmos sistemas precisava para produzir novos itens de consumo. uma longa cadeia orgânica onde coisas eram produzidas, coisas geravam objetos mais complexos, objetos eram usados e perdiam seu valor inicial, objetos viravam refugos, eram transportados para a reciclagem. alguns encontrariam seu fim, compactados como lixo; outros voltariam a ser insumos para máquinas que retomariam essa cadeia orgânica, recriando daquela matéria morta versões atualizadas de itens de consumo para humanos, para máquinas – para sempre, sem fim.

as pistas do complexo aeroportuário GIG estavam do outro lado daqueles muros. em toda parte, câmeras de segurança, satélites de baixa órbita monitorando atentamente aquele trecho, torretes de metralhadoras automáticos:minha garantia de paz.

ZR18, com o enorme logopainel do Consortium Terrarum – a consolidação de todas as operações transnacionais dos Keiretsu, Gnoseonomias, Conglomerados e Guildas Comerciais – na entrada, tornando essa minha residência um lugar quase tranqüilo, quase bucólico, em meio à maluquice desta cidade; o Nexus reduziu novamente a velocidade, tomando uma rua lateral, depois outra, seguindo até os portões do meu condomínio. validação de RfId do carro, confirmação visual dos sistemas secundários, portas abertas.

casa.